segunda-feira, 21 de setembro de 2015

segunda-feira, 14 de setembro de 2015

A Morte de Napoleão

Passados seis anos do isolamento em Santa Helena, Napoleão Bonaparte acabou falecendo de uma complicação gástrica não muito bem conhecida na época. Com o passar do tempo, muitos chegaram a sugerir que o estadista sofresse de algum tipo de câncer. No entanto, outros ainda debatiam sobre a possibilidade de Napoleão ter morrido por envenenamento, já que a sua morte poderia sepultar qualquer possibilidade de instabilidade ao tradicional poder monárquico europeu.
Chegando à segunda metade do século XX, cientistas se mostraram interessados em descobrir de que modo o legendário francês havia morrido. Na década de 1960, uma junta de cientistas britânicos conseguiu detectar a presença de arsênico no organismo de Napoleão ao analisar os seus fios de cabelo. Sendo um tipo de veneno muito comum na época, diversas pessoas logo concluíram que os inimigos de Napoleão tramaram a sua morte pela ingestão da substância tóxica.
Passado algum tempo, algumas pesquisas colocaram em dúvida que o envenenamento tivesse ocorrido tendo em vista que diversos remédios dessa época levavam o mesmo elemento em sua composição. Em tempos mais recentes, a teoria de que Napoleão tivesse sido acometido por um câncer acabou sendo comprovada pelas roupas do “pequeno cabo”. Com o passar do tempo, o tumor estomacal diminuiu o seu apetite e, consequentemente, provocou seu emagrecimento.
Ainda não satisfeitos com essa explicação, um grupo de estudiosos da Universidade do Texas se debruçou na busca de uma explicação para o câncer que ceifou a vida de Bonaparte. Tendo provavelmente se desenvolvido a partir de uma úlcera, os pesquisadores norte-americanos concluíram que o câncer foi uma consequência da ingestão regular da ração oferecida aos exércitos franceses no período em que o governo napoleônico se debruçava em guerras.
Geralmente, a comida oferecida nos campos de batalha era farta em carne e outros alimentos conservados com bastante sal. Além disso, era rara a presença de algum vegetal ou fruta que viesse a contrabalancear uma dieta tão calórica. Supondo que Napoleão se submeteu a esse tipo de dieta por um longo período, os cientistas concluíram que o modo de vida alimentar foi o grande “veneno” que determinou a morte dessa figura histórica.

A morte de Napoleão: um mistério que chama a atenção de vários estudiosos

Fonte: http://www.historiadomundo.com.br/idade-contemporanea/o-veneno-que-matou-napoleao-bonaparte.htm











O Governo dos Cem Dias

Napoleão teve suas forças derrotadas pela coligação europeia no final de sua fase imperial. Com isso, foi obrigado a abdicar e foi exilado na Ilha de Elba devido ao Tratado de Fontainebleau. No entanto, fugiu logo depois. Entrou na França com um exército reconquistando seu poder, mas foi derrotado ao tentar atacar a Bélgica na Batalha de Waterloo. Pela segunda vez foi exilado, dessa vez na Ilha de Santa Helena, no ano de 1815. 
Napoleão abandona a ilha de Elba
Fonte: Imagens do google
Fonte: http://www.estudopratico.com.br/era-napoleonica-consulado-imperio-e-o-governo-dos-cem-dias/

Curiosidades: Transferência da Corte Portuguesa pra o Brasil


O duplo aspecto das guerras napoleônicas – As guerras napoleônicas (1805-1815) apresentaram dois aspectos importantes: de um lado, a luta contra as nações absolutistas do continente europeu e, de outro, contra a Inglaterra, por força das disputas econômicas entre essas duas nações burguesas.

As principais nações continentais - Áustria, Prússia e Rússia - foram subjugadas por Napoleão a partir de 1806, em razão da sua imbatível força terrestre. Entretanto, foi no confronto com a Inglaterra que as dificuldades tomaram forma, paulatinamente, até asfixiarem por completo as iniciativas napoleônicas.

Em 1806, apesar de o domínio continental estar aparentemente assegurado, a Inglaterra resistiu a Napoleão, favorecida pela sua posição insular e sua supremacia naval, sobretudo depois da batalha de Trafalgar (1805), em que a França foi privada de sua marinha de guerra.

Strangford e a política britânica para Portugal – Sem poder responder negativa ou positivamente ao ultimatum francês por ocasião do Bloqueio Continental, a situação de Portugal refletia com toda a clareza a impossibilidade de manter o status quo *. Pressionada por Napoleão, mas incapaz de lhe opor resistência, e também sem poder prescindir da aliança britânica, a Corte portuguesa estava hesitante. Qualquer opção significaria, no mínimo, o desmoronamento do sistema colonial ou do que dele ainda restava. A própria soberania de Portugal encontrava-se ameaçada, sem que fosse possível vislumbrar uma solução aceitável. Nesse contexto, destacou-se o papel desempenhado por Strangford, que, como representante diplomático inglês, soube impor, sem vacilação, o ponto de vista da Coroa britânica.

Para a Corte de Lisboa colocou-se a seguinte situação: permanecer em Portugal e sucumbir ao domínio napoleônico ou retirar-se para o Brasil. Esta última foi a solução defendida pela Inglaterra.

A fuga da Corte para o Brasil – Indeciso, o príncipe regente D. João adiou o quanto pôde a solução, pois qualquer alternativa era danosa à monarquia. 

Afinal, a iminente invasão francesa tornou inadiável o desfecho. A fuga da Corte para o Rio de janeiro, decidida na última hora, trouxe, não obstante, duas importantes conseqüências para o Brasil: a ruptura colonial e o seu ingresso na esfera de domínio da Inglaterra. 

Chegando ao Brasil, D. João estabeleceu a Corte no Rio de janeiro e em 1808 decretou a abertura dos portos às nações amigas, pondo fim, na prática, ao exclusivo metropolitano que até então restringia drasticamente o comércio do Brasil. 



domingo, 13 de setembro de 2015

Guerra da Sexta Coalizão: A queda do Império!

Dentro do mesmo período da Guerra da Quinta Coalizão, ocorreu algo muito importante para o cenário geopolítico napoleônico: com a forçada nomeação de José Bonaparte (irmão mais velho de Napoleão) como Rei da Espanha, iniciou a chamada Guerra Peninsular, na Espanha e em Portugal, entre as forças franceses e a resistência espanhola contra a recém-nomeação.

Assim, Napoleão perdia o seu mais forte aliado na Europa e se via com problemas nos estados germânicos e italianos. Nesse contexto, explodiu a Guerra da Sexta Coalizão.

O avanço inicial francês


Do meio pra o fim de 1812, o Grande Armée (como ficou chamado o corpo de exércitos sob o comando de Napoleão), composto por 650.000 soldados de 20 nações diferentes, falando 12 línguas diferentes; avançou contra a Rússia. 

A primeira grande vitória de Napoleão foi na Batalha de Borodino, quando o General Kutuzov foi encarregado de atrasar Napoleão e reagrupar suas tropas a espera de reforços. Napoleão dispunha de cerca de 160.000 homens, contra 140.000 russos e, sem esperar a chegada de reforços atacou. Causando 45.000 fatalidades ao inimigo e perdendo cerca de 10.000 a mais, Napoleão garantiu o avanço das tropas francesas até Moscou, dali pra frente.

A Batalha de Borodino.
























Moscou como uma cidade destruída e o recuo francês


É interessante citar que essa foi a primeira vez que os russos se utilizaram da estratégia da "terra arrasada". Não foi diferente com Moscou e, quando Napoleão chegou aos arredores da cidade, essa ardia em chamas; sua população e o Czar Alexandre I fugiram. Sem condições de continuar a campanha, diante do rigoroso inverno que estava por vir, Napoleão decide recuar para os estados germânicos, aonde revoltas contra o domínio francês insurgiam fortemente.

No recuo, Napoleão ainda tentou brecar o avanço inimigo na Batalha de Dresden, contra russos, além de prussianos e austríacos que já tinham quebrado a aliança com a frança. Mesmo vencendo a batalha, Napoleão não conseguiu retomar a iniciativa que, daí pra frente, ficaria apenas em mãos dos coalizados.

Apesar da vitória na Batalha de Dresden, contra uma força duas vezes maior, Napoleão apenas atrasou sua derrota definitiva.




























A Batalha de Leipzig (16-19 de Outubro de 1813)

Teve-se, então, a maior Batalha da Era Napoleônica em termos de quantidade de soldados em participação. Também conhecida como "Batalha das Nações", contou com 190.000 franceses contra 430.000 coalizados. Napoleão optou por uma postura defensiva, falhando e perdendo a chance de atacar os pontos mais fracos do inimigo que, com o tempo, foram fortificados. Além disso, o Reino da Saxônia, importante aliado germânico de Napoleão quebrou a aliança, se unindo aos coalizados com mais homens já no decorrer do confronto.

Mesmo conseguindo causar 55.000 casualidades contra os inimigos e perdendo 38.000 homens, Napoleão viu-se cercado pela coalizão. Mesmo assim, conseguiu perfurar o cerco e retornar a Paris. Foram assinados dois tratados, o de Fontainebleau e o de Paris que, entre outros pontos, reduzia a França ao seu território original (anterior a Napoleão) e forçava o ex-imperador a exilar-se na Ilha de Elba, próximo a costa italiana.

A Batalha de Leipzig contou com o maior número de soldados e de nações da Era Napoleônica.

Guerra da Quinta Coalizão: A expansão máxima do Império Napoleônico!

Temos, então, a mais curta das guerras do Império Napoleônico: a guerra da Quinta Coalizão. Desse vez, Reino Unido (que nunca tinha "feito a paz" com Napoleão, depois da Quarta Coalizão), Império Austríaco, Sicília e Sardenha, iniciaram o conflito, em Abril de 1809.

Batalha de Wagram (5-6 de Julho de 1809)


A Batalha de Wagram seria decisiva para a guerra ter se acabado tão rapidamente. Nela 160.000 franceses enfrentaram 150.000 austríacos, nos arredores de Viena. A Batalha foi dura e sangrenta. Os franceses, tiveram 27.500 mortos/feridos, enquanto, a Áustria teve 23.500 mortos ou feridos. Mesmo assim, Napoleão obteve uma grande vitória, conseguindo entrar em Viena, logo em seguida.

Napoleão em Wagram, de Horacio Vernet.































Tratado de Schönbrunn 


Assinado em 14 de Outubro de 1809, tal Tratado punha fim a participação da Áustria na Coalizão, tornando-a aliado formal dos franceses, assim como havia sido em Tilsit com a Rússia. Além disso também cedia as províncias ilírias a França, em sua totalidade. O exército austríaco seria reduzido a 150.000 homens (promessa não cumprida) e Salzburgo e Tirol seriam cedidos ao Reino da Baviera.

O fim da guerra da Quinta Coalizão é considerado o auge do Império Napoleônico, em sua extensão máxima.

Guerra da Quarta Coalizão: Napoleão avança sobre os estados germânicos!

Após um período ínfimo, deu-se a Guerra da Quarta Coalizão. Tal conflito teria seu estopim na recusa da Saxônia a se unir a recém-criada Confederação do Reno, entretanto, se seguiria, mesmo após solucionado tal impasse. Reino Unido, Reino da Suécia, Império Russo e Prússia (note a ausência da Império Austríaco) uniram-se na Quarta Coalizão, declarando guerra contra a França. A mobilização de forças se deu quase que somente pelo no da Europa Central, nas atuais Alemanha e Polônia.

Batalha de Jena-Auerstedt (14 de Outubro de 1806)


Sendo um dos primeiros movimentos incisivos da guerra, a batalha de Jena-Auerstedt, viria a ocorrer em duas etapas em duas cidades, Jena e Auerstedt (que mantém os mesmos nomes, atualmente na Alemanha). Ambas as forças iniciaram o combate com números relativamente reduzidos: 40.000 franceses, sob o comando de Napoleão, contra 60.000 prussianos. Nos primeiros movimentos o Marechal Michel Ney, sem receber ordens de Napoleão, opta por avançar contra prussianos, quase causando um massacre total de seus comandados. Napoleão envia sua Guarda Imperial, conseguindo retirar Ney do cerco prusso.

No continuar da Batalha Napoleão recebeu mais quarenta mil homens de reforços, conseguindo uma vitória temporária e fazendo os prussianos recuarem até Auerstedt. Aonde, no dia seguinte, os prussianos são novamente derrotados pelas tropas de Napoleão. Com isso, os franceses viriam a entrar em Berlim, entretanto, sem conseguir uma rendição de Frederico III, que se refugiaria em Königsberg, com o apoio dos russos.

Batalha de Friedland (14 de Junho de 1807)


Visando impedir a reunião das forças russas e prussianas, Napoleão ordena o avanço ao leste de 10.000 homens, de forma rápida, enquanto o grosso de seu exército avançaria gradativamente. No dia 14 de Junho, 72.000 russos atacaram as tropas mais avançadas de Napoleão, que conseguiram resistir até a chegada de reforços. Assim, travou-se a Batalha de Friedland, no atual exclave russo de Kaliningrado.

Comandados por Napoleão, 66.000 franceses, sofrendo 8.000 baixas, derrotam os 84.000 russos sob controle do General Levin August, que sofreram entre 30.000 e 40.000 baixas.

Napoleão em Friedland, concedendo ordens ao General Nicolas Davout.






































Tratado de Tilsit 


Com a derrota em Friedland, os russos não mais tinham condições de seguir fazendo frente ao Império Napoleônico, em favor da Prússia. Assim, foi assinado, no dia 7 de Julho de 1807, o Tratado de Tilsit, pondo fim a Guerra da Quarta Coalizão e com os seguintes artigos:

Art.º 1º - A Russia tomará posse da Turquia na Europa e levará as suas conquistas pela Ásia dentro até aonde lhe fizer conta.
Art.º 2º - Cessarão de existir as dinastias dos Bourbon em Espanha e dos Bragança em Portugal: um príncipe da família do Imperador Napoleão, será revestido da Coroa destes Reinos.
Art.º 3º - A autoridade temporal do Papa cessará, e Roma com as suas dependências, será unida ao Reino de Itália.
Art.º 4º - A Rússia obriga-se a ajudar a França em conquistar Gibraltar.
Art.º 5º - As cidades de África, a saber: Tunis, Argel, etc, ficarão possuídas pela França, e depois da paz geral, todas as conquistas que a França tiver feito em África durante a guerra, serão dadas como indemnização aos reis de Sardenha e Sicília.
Art.º 6º - Malta será ocupada pelos franceses e a França jamais fará a paz com Inglaterra sem que ela lhe ceda esta Ilha.
Art.º 7º - O Egipto será ocupado pelos franceses. A França, Rússia, Espanha e Itália terão o direito de navegação no Mediterrâneo - todos os outros serão excluídos.
Art.º 8º - [Não se declara o seu conteúdo.]
Art.º 9º - A Dinamarca será indemnizada no Norte de Alemanha, e nas cidades Hanseáticas se ela ceder a sua Esquadra à França.
Art. 10º - Suas Majestades de França e Rússia, farão um ajuste, pelo qual, nenhuma Potência para o futuro terá direito de fazer navegar embarcações mercantes, excepto mandando-lhes um certo número de navios de guerra.

O Bloqueio Continental!

Bloqueio Continental foi um decreto datado de 21 de novembro de 1806, que consistia em impedir o acesso a portos dos países dominados pelo Império Francês a navios do Reino Unido da Grã Bretanha (Inglaterra) e Irlanda. Com isso, o principal objetivo era isolar economicamente as Ilhas Britânicas, sufocando suas relações comerciais.
Mas, para que o Bloqueio Continental tivesse total eficácia, a França dependia de que todos os países da Europa aderissem á idéia, e para isso era necessária a adesão de todos os portos localizados nos extremos do Continente. Os portos dos impérios russo, austríaco e português eram os quais Napoleão precisava para seu êxito total no decreto.
O acordo de Tilsit, firmado com o Czar Alexandre I da Rússia em julho de 1807, garantiu o encerramento do extremo leste da Europa. Agora faltava o extremo Oeste, onde ficavam os portos das cidades de Lisboa e do Porto, pertencentes ao império português.
O Governo de Portugal se recusava á aderir ao bloqueio devido á sua aliança com a Inglaterra, da qual era extremamente dependente. Suas riquezas vinham de suas colônias, principalmente do Brasil. Com um reino decadente, Portugal não tinha como enfrentar Napoleão.
A Inglaterra reagiu, e em janeiro de 1807 foram emitidas algumas ordenanças que institucionalizaram o comportamento da Marinha Real Britânica com relação aos navios neutros que tinham como destino os portos franceses. Os navios abordados em alto-mar eram capturados e vendidos em leilão, além de ter toda a carga sequestrada. Como resultado, as mercadorias coloniais desapareceram dos mercados dos países que aderiram ao bloqueio.
Em agosto de 1807, Napoleão enviou um ultimato ao Príncipe Regente de Portugal, D. João (que viria a se tornar D. João VI). Ou ele rompia com a Inglaterra, ou Portugal seria invadido pelas tropas francesas. Mas, a Inglaterra ofereceu proteção à Família Real Portuguesa e forçou D. João á aceitar o embarque para o Brasil.
O bloqueio ficou mal visto pelas nações “aliadas” á França e isto contribuiria para reduzir o prestigio de Napoleão nas terras por ele conquistadas.

O mapa europeu durante o bloqueio continental.

terça-feira, 8 de setembro de 2015

Guerra da Terceira Coalizão: o auge militar Napoleônico!

No final de 1803 se inicia a Guerra da Terceira Coalizão que, em seu início era uma guerra apenas entre França e Inglaterra. Tal conflito tem seu estopim quando os britânicos recusam-se a ceder a Ilha de Malta para os Cavaleiros Hospitalários (como foi previsto após a Guerra da Segunda Coalizão), entretanto, a situação de "Paz definitiva" na europa já era precária. Apesar de ser um conflito duradouro, este só teve batalhas mais incisivas e decisivas, em 1805; ano em que outras nações entraram no conflito de fato.

A Espanha declarou guerra a Inglaterra, aliando-se a França, em janeiro. Em abril, a Rússia entra na guerra ao lado dos ingleses. Em agosto, os Reinos da Suécia, de Nápoles e Austríaco declaram guerra a Napoleão. Assim, se desenvolveu um curto período de movimentação de grandes exércitos e, em 16 de Outubro, iniciou-se a primeira grande batalha da guerra, com Napoleão no comando de 80.000 contra 40.000 austríacos. A Batalha ocorre em Ulm e é um sucesso para os franceses que perdem 500 homens, contra 4000 casualidades austríacos, além de 27000 mil capturados, incluindo o General austríaco, Karl Leiberich.

Quadro de Charles Thévenin: "A rendição de Ulm; o 20 de Outubro de 1805"
























A Batalha de Trafalgar (21 de Outubro de 1805)


Enquanto a guerra corria favorável a Napoleão por terra, a situação em vias marítimas estava pra ser decidida no Cabo Trafalgar (próximo ao estreito Gibraltar), na Costa da Espanha. No dia 21 de Outubro, o Almirante Lorde Horatio Nelson, comandou 27 navios britânicos, contra uma frota franco-espanhola, em maior número, de 33 embarcações. É interessante citar que a estratégia utilizada por Nelson foi totalmente inconvencional pra época. Ele organizou seus navios em duas linhas, ao invés de colunas. Esperando que os seus resistissem a primeira leva de fogo, Nelson visava dividir a frota inimiga.

Disposição tática dos navios na Batalha de Trafalgar.


O resultado foi perfeito pra os ingleses: nenhum navio perdido, contra 22 perdas franco-espanholas. Entretanto, o Lorde Nelson falece, sofrendo um tiro de canhão na proa de sua embarcação; tornando-se um herói nacional britânico. O resultado estratégico, em si, é avassalador para Napoleão. Ele perde toda a confiança que a ainda sustentava em sua marinha e é forçado a abdicar de uma futura invasão da Grã-Bretanha; perdendo o controle do Atlântico.

A Batalha de Austerlitz (2 de Dezembro de 1805)


Já no fim do ano, no dia 2 de Dezembro de 1805, ocorreu a mais impressionante vitória militar napoleônica dentre todas, em Austerlitz, atual Slavkov, na República Tcheca. Nessa batalha estavam presentes Napoleão, Alexandre I, da Rússia, e Francisco II, da Áustria; o que gerou para o acontecimento a alcunha de "Batalha dos Três Imperadores".

Napoleão contava com entre 75000 e 77000 soldados, enquanto russos e austríacos contavam com 87000 (70% eram russos). Importante notar que, no local da batalha havia uma grande colina, a qual teria suma importância no desenrolar do confronto. Napoleão cria, assim, uma campanha de desinformação. Ordenando avanço desenfreados e recuos massivos desorganizados, ele planejava passar a imagem pra os líderes coligados que não tinha ideias pra perfurar as linhas inimigas.

Logo em seguida, Napoleão dividiu seu exército, posicionando parte atrás da colina (fora da visão de austríacos e russos) e colocando a maior parte deste em cima da colina, nota que o flanco a frente da colina é mais próximo do acampamento inimigo. Visando atrair as tropas coalizadas para um ataque nesse ponto, Napoleão ordena a debandada de seus homens, descendo a colina. As tropas coalizadas iniciam um rápido avanço se aproveitando do "descuidado" movimento de Napoleão ao abandonar o local mais alto e de mais valor. Assim, Napoleão ordena que o restante do Exército Francês (que estava por trás da colina) inicie sua subida; "cortando", assim, os austríacos e russos ao meio.

Napoleão daí, em diante, acaba por organizar quatro pontos de combate, independentes uns dos outros. Ao fim do dia 9000 franceses foram perdidos (incluindo 1300 mortos) contra 27000 austríacos (com 15000 casualidades; além de 180 canhões dos coalizados capturados.

"Napoleão em Austerlitz", quadro de François Gérald. Atualmente no Palácio de Versalhes.





















A Paz de Pressburg 


No dia 26 de Dezembro, deu-se o Tratado de Pressburg que forçava os austríacos a se retirarem da Terceira Coalizão e cederem territórios ao norte da Itália, sul do Reino da Baviera (o qual se tornaria aliado de Napoleão), além de parte da costa da atual Croácia. Francisco II, também colocaria fim ao Sacro Império Romano-Germânico e passaria a ser rei da [ainda a ser fundada] Confederação do Reno, apenas em teoria; na prática, o comando estaria nas mãos de aliados de Napoleão.

Com tal tratado, a França não concedia paz a todos os inimigos, tanto é que Rússia, Suécia e Reino Unido nunca assinaram um Tratado de paz formal com os franceses. Antes mesmo que a guerra acabasse, Napoleão se aproveitou para invadir e conquistar todo o Reino de Nápoles (exceto as Ilhas da Sardenha e da Sícilia), nomeando seu irmão mais velho, José Bonaparte, como Rei de Nápoles e seu irmão mais novo, Luís Bonaparte, como Rei dos Países Baixos; oficializando tais nomeações, no ano seguinte.

quinta-feira, 3 de setembro de 2015

1802-1803: Napoleão como Cônsul-Uno Vitalício e outros fatos importantes

Em 1802, se elabora a "Constituição do Ano X" (como foi chamado pelo calendário revolucionário) que, apesar de ser vaga em muitos aspectos é de suma importância para se compreender a centralização de poder nas mãos de Napoleão. Pois nessa constituição estabelecia que Napoleão governaria a França "por toda sua vida"; tal decisão seria confirmada em um referendo popular no dia 2 de Agosto do mesmo ano.

No dia 3 de Maio de 1803, pela vigente Revolução Haitiana pela Independência e pelo controle marítimo britânico sobre as rotas do Atlântico para o Canadá; Napoleão se vê obrigado a vender todo o território da Louisiana aos Estados Unidos da América por 15 Milhões de Dólares; preço baixo pra a quantidade de terras, entretanto, muitos historiadores afirmam este como um ótimo negócio pra Napoleão, já que a França necessitava de dinheiro em caixa urgentemente e venderam um território "que já não era mais francês, de fato".

Em verde: território da Louisiana vendido por Napoleão colocado no mapa dos EUA, atualmente,

Reestruturação da Economia Francesa: O Banco Central da França!

Em 1800, ainda no início do Período Consular, Napoleão Bonaparte criou o Banco Central da França visando a regulação da emissão de moedas, e a redução da inflação. As tarifas impostas eram protecionistas; o resultado geral foi uma França com comércio e indústria fortalecidos, principalmente com os estímulos à produção e ao consumo interno. Assim Napoleão seria o principal responsável pela modernização da economia francesa.

Corredor do Banco Central Francês, atualmente.

quarta-feira, 2 de setembro de 2015

Período Consular: Fim da Guerra com a Segunda Coalizão!

Com as derrotas de 1800, sobretudo, na Batalha de Hohenlinden; os aliados não tiveram condições de realizar nenhuma outra grande ofensiva continental contra os franceses. Logo, nenhuma grande mudança militar-estratégica ocorreu durante todo o ano na Guerra da Segunda Coalizão. Entretanto, outros acontecimentos importantes ocorreram para a história em outros pontos. Entre 20 de Maio e 6 de Junho, ocorreu a Guerra das Laranjas entre Espanha e Portugal.

Guerra das Laranjas (6 de Maio - 6 de Julho de 1801)


Tal conflito foi travado tanto na Península Ibérica, como na América do Sul, nos atuais sul e centro-oeste do atual Brasil. Os motivos reais do conflito foram a influência francesa sobre a Espanha que, com a vitória, conseguiu fechar, temporariamente, os portos e colônias portuguesas para a Grã-Bretanha, através do Tratado de Badajoz, de 5 de Junho que, além do citado termo, tinha as seguintes condições.

  • A Espanha conservava, na qualidade de conquista, a praça-forte, território e população de Olivença, mantendo o rio Guadiana como linde daquele território com Portugal (art. IV);
  • Eram indemnizados, de imediato, todos os danos e prejuízos causados durante o conflito pelas embarcações da Grã-Bretanha ou pelos súbditos de Portugal, assim como dadas as justas satisfações pelas presas feitas ilegalmente pela Espanha antes do conflito, com infracções do território ou debaixo do tiro de canhão das fortalezas dos domínios portugueses.
Outro ponto importante foi que, mesmo perdendo a guerra, não foi de todo mal para Portugal, pois este conseguiu aumentar suas fronteiras coloniais no Brasil, sobretudo no atual Mato Grosso do Sul.

A Concordata de 1801


Outro importante acontecimento deste ano foi a Concordata entre o governo francês e o Papa Pio VII. Com tal acordo, Napoleão visava diminuir as hostilidades entre a Igreja e a França, pois, mesmo estes  [Estados Papais] tendo se tornado estados satélites franceses, a resistência dentro do próprio clero não diminuíra. Tal concordata tinha como condições gerais:
  • O Catolicismo seria "a religião da grande maioria dos franceses", porém não a religião oficial, em respeito ao Protestantismo;
  • O Imperador nomearia os bispos (como funcionários públicos), mas o Papa teria o poder de expulsá-los;
  • O Estado iria arcar com as despesas e subsídios do clero;
  • A Igreja renunciaria a todos as reivindicações dos territórios tomados pela França desde 1790;
  • Estabelecimento do calendário gregoriano, em detrimento do calendário republicano revolucionário.


Com a Concordata de 1801 o Papa Pio VII visava um certo ganho de poder dentro das instituições francesas.

































Fim da Guerra com a Segunda Coalizão


O Tratado de Amiens, firmado no dia 25 de Março de 1802, entre França e Reino Unido, punha fim a Guerra da Segunda Coalizão. No tempo, tal tratado foi chamado de "Tratado da Paz definitiva". Apesar do enfraquecimento de sua economia interna, a França conseguiu muitos ganhos a partir desse tratado, como a demarcação definitiva da Guiana Francesa, a recuperação de colônias como a Índia Ocidental, Colônia do Cabo e República Batávia, pelos ingleses; além da retirada de tropas britânicas do Egito (entretanto, Napoleão teria que retirar suas tropas dos Estados Papais).

terça-feira, 1 de setembro de 2015

Período Consular: As primeiras campanhas militares do novo governo

O início do período Consular é marcado por uma instabilidade política e militar, tanto interna (com pequenas revoltas em contraposição ao 18 Brumário), como externamente, com os desorganizados exércitos franceses espalhados pela Europa. Logo, o ano de 1800 é um ano muito agitado, do ponto de vista militar.

Tal período não foi só de vitórias franceses; com uma contra-ofensiva austríaca, iniciada no dia 5 de Abril, tropas francesas em Génova e Savona, capitularam, nos dias 15 de Maio e 4 de Junho de 1800, respectivamente. Em maio, Napoleão, comandando um exército reserva com cerca de 40.000 homens iniciou sua marcha em direção a Itália, chegando ao Fort Bardi no dia 19; o qual só capitularia no dia 5 de Junho. Ainda assim, o ano seria como um todo, vitorioso para os franceses.

Forte di Bardi, atualmente. Em 1800, 600 austríacos resistiram por duas
semanas contra 40000 franceses sobre o comando de Bonaparte.
Uma importante e difícil vitória foi conquistada por Napoleão, em Junho, quando, na Batalha de Marengo, comandando entre 24000 e 28000 franceses, venceram entre 23000 e 29000 austríacos. Essa foi a primeira vitória de grandes proporções com Napoleão no poder.
Já no fim do ano, no dia 3 de Dezembro, os franceses disputaram outra importante batalha: a Batalha de Hohenlinden, no sul do atual Alemanha.











Batalha de Hohenlinden (3 de Dezembro de 1800)


O quadro da batalha contava com 42000 homens de infantaria e 12000 na cavalaria para os franceses, além de 99 canhões; enquanto, os austríacos (e bávaros) contavam com 46000 de infantaria e 14000 de cavalaria, além de 214 canhões. Napoleão não participou da batalha, mas o General Jean Moreau conseguiu a vitória. Tal conquista só foi possibilitada pela manobra de envolvimento do flanco esquerdo do general austríaco Österreich que, saindo de um terreno arborizado não conseguiu manter comunicação com todas as quatro colunas em que seus soldados foram dispotos.

sábado, 29 de agosto de 2015

Período Consular: O Golpe de 18 Brumário!

Após sair do Egito, Napoleão chega a França no dia 9 de Outubro de 1799, reativando todas suas articulações políticas e colocando-se em uma posição neutra em relação a grande crise que havia se instaurado no país, devido a Guerra da Segunda Coligação. Um mês após ter chegado, no dia 9 de Novembro, ocorre um Golpe de Estado no qual, o Diretório, enfraquecido, cai perante o novo governo que, agora, seria formado por três cônsules; entre eles Napoleão, como Primeiro-Cônsul e, portanto, de maior poder, na prática.

No dia seguinte, Napoleão fecha também, o Conselho dos Quinhentos (ilustração abaixo). O Golpe foi aclamado pelos mais vastos setores da sociedade, sobretudo, pela burguesia; que via na figura de Napoleão a paz desejada naquele momento e a consolidação econômica da França. Além do apoio de indivíduos do próprio Diretório que visavam subir nas classes políticas com a nova ordem instaurada.

Assim, se inicia o Período Consular Trino, que antecede, o Império Napoleônico.

"O general Bonaparte no Conselho dos quinhentos", por Bouchot.
























Os 3 Cônsules: Jean Jacques Régis; Napoleão Bonaparte e Charles-François Lebrun. 

Curiosidades: A Campanha científica do Egito e a Pedra da Roseta!

A Campanha do Egito não teve importância militar apenas, mas sim, uma importância científica e cultural na época. Para o Egito foram, com as tropas francesas, matemáticos, geógrafos, escritores, arquitetos, astrônomos, entre muitos outros tipos de estudiosos. Uma das grandes conquistas dessa expedição científica foi da Pedra da Roseta.

A Pedra de Roseta é um bloco de granito negro (muitas vezes identificado incorretamente como "basalto"),  mede 118 cm de altura, 77 cm de largura e 30 de espessura. Ela foi descoberta em 1799,mas mais tarde ela foi capturada pelos ingleses. O bloco de pedra tem estranhos glifos cunhados separados em três partes distintas. Cada parte apresenta uma espécie de escrita que em nada se assemelhava com as outras duas. Estas três formas de escrita, constatou-se depois, eram textos nas línguas escritos em hieróglifos, demótico egípcio  e grego.


A Pedra de Roseta é um fragmento de uma estela, bloco de pedra com inscrições de registros governamentais ou religiosos.Sua tradução ainda causa conflitos entre nações e, até os dias de hoje, estudiosos debatem sobre quem deveria levar crédito por decifrar o código dos hieróglifos. Até mesmo a atual localização da pedra é assunto para debate. O objeto sempre foi considerado de grande importância histórica e política. A realização da tradução em 1822 pertence ao estudante francês Jean-François Champollion, que desta forma iniciou a ciência de estudo de assuntos referentes ao Egito, a Egiptologia.

A Pedra da Roseta se encontra, atualmente, no Museu Nacional Britânico.

sexta-feira, 28 de agosto de 2015

Antes de se tornar Imperador: A Campanha do Egito!

Nem todas as expedições de Napoleão foram um sucesso. A Campanha do Egito, foi um bom exemplo disto. Pra piorar tal campanha tinha sido firmemente apoiada por Bonaparte. Tal campanha tinha como pretexto o controle das saídas do Nilo e, oficialmente, os franceses declararam guerra contra os Egípcio Mamelucos e Otomanos. Entretanto, o real objetivo seria desestruturar as rotas dos britânicos para o Oriente e, num futuro próximo, usar o Egito como base para um grande avanço a Índia Britânica.

Em azul as rotas usadas pelos franceses e, em vermelho, as pelos britânicos. Note que os franceses tomam a Ilha de Malta, no caminho de ida.






















As tropas francesas desembarcaram, no dia 1 de Julho de 1798, na enseada de Marabout; sem muita resistência das forças mamelucas do Egito. As duas primeiras importantes cidades conquistadas foram Alexandria e Ramahnaiyeh. Após manterem posição por certo tempo, esperando a chegada de todas as tropas; Napoleão inicia sua "descida" pelo Nilo; conseguindo inúmeras vitórias ao longo do caminho.

Batalha das Pirâmides, oléo sobre tela de Louis-François Baron, de 1808.



















No dia 21 de Julho de 1798, Napoleão confronta 21.000 tropas Mamelucas e Otomanas. Devido a vantagem tecnológica e tática Napoleão, mesmo com 1000 homens a menos; sofre, apenas, 289 baixas (entre mortos e feridos) contra 3000 casualidades inimigas. Tal vitória garantiu a rápida conquista do "Baixo Egito". 

Em dezembro acabam por desencadearem-se, inúmeras revoltas no Egito, das quais, a revolta do Cairo foi a mais séria, entretanto, foi suprimida. Assim, controladas as milícias, os franceses iniciam seu avanço para a Palestina Síria. O avanço se inicia no dia 10 de fevereiro e com algumas batalhas de resistência, os franceses chegam ao seu avanço máximo, em 20 de Março, quando chegam e iniciam cerco em Acre. Os planos franceses, a partir de então, era tomarem Acre, e, em seguida, se porem na defensiva, visando resistir tempo suficiente para se reorganizarem.

Nem a primeira parte do plano foi completa, pois, capturados por navios ingleses, os canhões de cerco de Napoleão nunca chegaram a Palestina. Mesmo com uma importante vitória sobre os reforços Otomanos, vindos do Norte, em ajuda a Acre; os franceses foram obrigados a desfazer o cerco e voltar às pressas para o Egito, aonde, navios britânicos iriam desembarcar tropas turcas em breve. Napoleão chegou ao Cairo, no dia 14 de Julho, com menos de 10.000 homens (13.000 tinham partida), em parte, doentes e feridos.

Após resistir por certo tempo, tendo, até mesmo, importante vitórias, como na Batalha de Akubir. Napoleão passa o controle do Exército do Oriente ao General Kléber e retorna a França para "salvá-la" e segurar as pontas na Guerra da Segunda Coalizão que não favorecia os franceses. Assim, acaba a Campanha do Egito para Napoleão.

quinta-feira, 27 de agosto de 2015

Antes de se tornar Imperador: o fim da guerra com a Áustria e o crescimento do mito Napoleão!

Após a vitória em Rivoli as forças austríacas, desorganizadas iniciaram uma série de retiradas em direção ao seu próprio território. O primeiro grande avanço francês foi contra o Tirol, com Jouberte Massena comandando, estes perseguiram os austríacos e os expulsaram sem necessidade de conflito. Napoleão rumou ao sul e forçou o papa a ceder os estados pontifícios de Bolonha, Ferrara, Romagna e Ancora.

É interessante ressaltar que não era esperado tamanho êxito do Exército de Itália. As pretensões maiores do Governo Francês estavam nas tropas do Reno. Ocorreu o oposto, enquanto nos países baixos os franceses eram empurrados de volta ao seu país; Napoleão fez seu nome. Logo, não é de se surpreender que, de pronto, o Diretório aceitou o pedido por reforços de Napoleão. Agora, ele dispunha de 53.000 homens.

Napoleão inicia sua marcha em direção a Áustria no dia 10 de Março e, avanço cerca de 640 Km em apenas 30 dias, chega a Bruck, sem muita resistência. No dia 7, o Arquiduque Carlos da Áustria, que tinha recebido o comando das forças, envia representantes a Judenburg, para negociação da paz. No dia 18 de Abril, foi assinado a Paz de Leoben. E, apenas no dia 17 de Outubro, assinou-se o Tratado do Campoformio, pondo fim a Guerra da Primeira Coalizão.

A guerra acabara e ninguém saíra tão fortalecido quanto a figura de Napoleão Bonaparte.

Tratado do Campoformio; hoje, no Acervo Nacional Francês.

Antes de se tornar Imperador: a intensificação da guerra contra os austríacos! - Parte 2

Apesar das vitórias em Lanato, Catiglione e Rovereto, Napoleão ainda não tinha confrontado o corpo total do exército austríaco (e nem pretendia). Assim, continuava a manter sua postura de defesa. Postura essa que foi abalada após André Massena, longe da maior parte das tropas, ser perseguido derrotado pelo recém-chegado, General Berberek, na Batalha de Caldiero, uma das primeiras derrotas francesas na Itália.

Apesar de saber da derrota, Napoleão visava manter a posição e enfrentar o grosso do exército austríaco, impedindo que estes chegassem a mântua. Assim, deu-se uma das mais simbólicas e importantes batalhas das Guerras Revolucionárias Francesas.

Batalha de Arcole (15 de Novembro de 1796)


Napoleão se via de uma difícil situação: com 20000 homens poderia recuar e ceder toda a rota em direção a Mântua; ou confrontar os 24000 soldados austríacos ali mesmo e correr o risco de sofrer uma trágica derrota. Napoleão opta pela segunda alternativa e, ordenando que parte de seu corpo flanqueie, os austríacos pela direita [impedindo sua possível fuga], ataca a vanguarda de Berberek com a maior parte de suas tropas.

Apesar de estar em menor número e ter sofrido 3500 baixas (1500 a mais que seus inimigos), os franceses conseguem tomar o controle da ponte e colocam, outra vez, os austríacos em fuga. Tal vitória inesperada, pode ser creditada à [relatada] ação de Napoleão quando, vendo a morte de muitos de seus homens e sem possibilidades de mudanças táticas, tomou a bandeira da Primeira República Francesa das mãos do porta-bandeira e, desarmado, correu em direção as linhas austríacas. Com a nova injeção de moral, os franceses ganharam novo ânimo para seguir em batalha e tomar a ponte.

Tal gesto, marcou a consolidação de Napoleão como um símbolo de bravura, força e vitória. Esta não foi pra Napoleão, apenas uma vitória militar, mas também uma vitória política que, em pouco tempo, surtiria seus efeitos.

Quadro: La Bataille du Pont d'Arcole, de 1826. Napoleão a frente de seus soldados, inicia uma corrida em direção as linhas austríacos. Note em que estado se encontra a bandeira francesa (em farrapos) e também a grande disparidade numérica em favor dos austríacos.














Nem mesmo com tal derrota os austríacos desistiram de libertar Mântua, ação que deixava de ser importante do ponto de vista militar e que, caso efetuada com sucesso renovaria a moral dos austríacos. Após os grandes êxitos anteriores, Napoleão poderia escolher o local da próxima batalha com calma. Assim, retirou-se de Verona e marchou para Rivoli.

Batalha de Rivoli (14-15 de Janeiro de 1797)


Iniciando a batalha com 23.000 (5000 a menos que seus inimigos), Napoleão encontrou-se sofrendo uma derrota crucial. Caso não fosse o descuido do General Berberek em ordenar o avanço de seus cavalos "dragões" para um terreno acidentado, a situação se complicaria. Aproveitando-se desse descuido, Bonaparte utilizou-se da mesma ideia que, há quatro anos atrás, lhe garantira a vitória em Toulon: artilharia maciça. Logo, com 15 bocas de canhão, grande parte da cavalaria austríaca foi dizimada, forçando os austríacos a recuarem em desordem.

No dia seguinte, Joubert perseguiu as colunas de Berberek, impelindo-lhe baixas maiores ainda. Ao final do dia 15, entre 2000-2500 franceses tinham perecido; enquanto, 4000 austríacos tinham sido mortos e 8000 feridos/incapacitados.

A batalha de Rivoli é o ponto de virada neste front; não do ponto de vista de vitórias, mas do ponto de vista de iniciativa; a partir daí, os austríacos, não mais conseguiriam realizar um grande contra-ataque e a rota para o território austríaco estava aberta. Napoleão estava no ataque agora!

Napoleão em Rivoli, de Felix Philipoteaux.

Antes de se tornar Imperador: a intensificação da guerra contra os austríacos! - Parte 1

Com a retirada do General Beaulieu para a fortaleza de Mântua, após sua derrota em Lodi; inicia-se um período de muita movimentação militar e batalhas no Nordeste da Itália; sobretudo, pelos contra-ataques austríacos contra os franceses, com a finalidade de libertar os 9000 homens sitiados de Beaulieu.

Da região do reno, chegaram 47.000 austríacos, sob o comando do veterano de guerra Marechal-de- campo Wurmser com a missão de libertar Mântua e expulsar Napoleão da Itália. Dividindo suas tropas em quatro colunas distintas, Wurmser inicia seu avanço no dia 29 de Julho, porém comete o erro de abrir um grande espaço entre estas. Napoleão, vendo a falha, avança com 20.000 soldados contra a coluna mais ao norte, comandada pelo General Peter Quasdanovich, e a separa do restante do exército austríaco que continuou avançando para Mântua, de onde, as tropas francesas tinham feito uma retirada estratégica. Logo, deu-se a Batalha de Lonato; no dia 3 de Agosto.

Batalha de Lonato (3-4 de Agosto de 1796)


Quasdanovich foi pego desprevenido e não poderia comunicar-se com Wurmser, enquanto a batalha se desenrolasse. Os austríacos chegaram a ocupar Lonato, no dia 3 de Agosto, mas sem poder resistir ao avanço das tropas de Napoleão, fugiram no dia seguinte.

O resultado da batalha foram 5000 mortos austríacos, para 2000 franceses. Ao ser informado da derrota na batalha, Wurmser reagrupa suas tropas e marcha com 25.000 homens para confrontar Napoleão, que vinha perseguindo o restante do corpo de Quasdanovich. Deu-se, então, a Batalha de Castiglione, em 5 de Agosto.

Napoleão após a Batalha de Lonato.














Batalha de Castiglione (5 de Agosto de 1796)


Tal batalha tem importância devido ao grande número de forças empenhadas nesta, ao todo, foram 55.000 homens, 30.000, sob o comando de Napoleão e 25.000, sob o comando de Wurmser. Após uma série de rápidos avanços e recuos por ambas as partes, Napoleão perfurou as linhas austríacos no Monte Medolano. Sem uma posição mais alta, Wurmser ordenou a retirada para além de Mântua, não sem antes abastecer os soldados ali presentes.

A batalha teve um custo humano de cerca de 3500 homens, dos quais 2000 eram austríacos. 1000 austríacos foram, também, capturados. Com a vitória Napoleão, abandonou a ideia de invadir Mântua e passou a manter o sitiamento e esperar que os austríacos ali, morressem de fome e doenças. 

À cerca das 10 horas, Batalha de Castiglione. Sob o comando de Napoleão, Marmont traz artilharia em Mount Medolano enquanto a divisão de Augereau começa o ataque na planície central. Quadro de Victor Adam.











Batalha de Rovereto (4 de Setembro de 1796)

Após um curto período de reorganização de ambos os lados, Napoleão deixa uma pequena guarnição cercando Mântua e parte com 34.000 homens para o Norte, perseguindo Wurmser; enquanto, esse, utilizou-se do tempo para se reagrupar, dividindo-se em dois grandes grupos: ele rumou para Mântua com 24.000 homens, enquanto, o General Dadidovich ficou com 20.000 homens pra proteção do Tirol.

Sabendo do movimento, Napoleão decide atacar Dadidovich que, por enquanto, só teria cerca de 12.000 soldados a sua disposição. Assim deu-se a Batalha de Rovereto, aonde os 20.000 franceses derrotaram as tropas austríacos, impusendo-lhes 3000 baixas e sofrendo apenas 750.

Ficando ciente de mais uma derrota, Wurmser foi obrigado a estagnar seu avanço e esperar o reagrupamento das tropas, então, em fuga. 

quarta-feira, 26 de agosto de 2015

Antes de se tornar Imperador: Continuação da Guerra no norte da Itália!

Com a saída do Reino da Sardenha-Piemonte, os franceses na Itália não deveriam estagnar e, sim, continuar o avanço rumo ao Centro-Norte e Nordeste; agora, contra os austríacos. Assim, atravessando o Rio Stura, as tropas de Napoleão iniciaram sua marcha em direção a cidade de Milão.

Johann Peter Beaulieu, responsável pelo comando dos austríacos em Milão, ordenou uma retirada estratégica, antes mesmo que as tropas de Napoleão chegassem, deixando cerca de 10.000 homens e 14 bocas de artilharia guardando sua retaguarda, sob o comando de Karl Philip Sebottendorf. Foram esses 10.000 que confrontaram as tropas francesas na Batalha de Lodi.

Batalha de Lodi (10 de Maio de 1796)

A cidade era fortificada e protegida por quatro bastiões protegidos por fossos. Apesar dessa proteção, as tropas austríacas abandonaram a cidade após a entrada dos primeiros escaramuçadores franceses. Os austríacos atravessaram a ponte sobre o rio Adda e deslocaram-se ao longo de sua margem leste, no sentido norte.
A fama da Batalha de Lodi está relacionada com o avanço da infantaria francesa sobre a ponte do rio, frente ao forte poder de fogo do exército austríaco e à falta de apoio na retaguarda. Napoleão conseguiu motivar os soldados sob seu comando através de discursos patrióticos, o que injetou moral na tropa para enfrentar os inimigos. O avanço da infantaria e da cavalaria francesa fez com que os austríacos recuassem. 
Napoleão perdeu cerca de 1500 homens, para 2000 dos austríacos. Apesar da vitória, o grosso do exército austríaco escapou para se unir as principais tropas de Beaulieu. 
No dia 14 de maio, porém, Napoleão recebeu uma carta-diretiva do Diretório para que cedesse metade do seus homens ao Exército dos Alpes; para que esses, sob o comando do Comandante Kellermann, pudessem ocupar a Lombardia, definitivamente, e avançar para o sul, tomando os ducados de Toscânia e Parma, para chegarem a Roma e obrigarem o papa a pagar impostos (é importante ressaltar que, nesse momento, a França estava afundada numa crise financeira e ameaçava entrar em bancarrota).
Descontente com a ordem, Napoleão consegue convencer o Diretório a mantê-lo com todo seu corpo de soldados e, em Milão, consegue 800 mil libras de contribuição da população, com as quais paga e reequipa suas tropas; assim como tinha feito na Sardenha. No fim de Junho, já tinha ocupado toda a Lombardia e, voltando-se para Mântua (fortaleza onde Beaulieu tinha se colocado), acaba por violar a neutralidade veneziana. 

Quadro de Louis-François Lejeune representando a Batalha de Lodi. Note a figura de Napoleão (no cavalo com pelagem dourado) dando ordens de avanço.

Antes de se tornar Imperador: Campanha de Montenotte - Parte 2


Após a bem sucedida Batalha de Montenotte; Napoleão Bonaparte ordenou que suas tropas continuassem a abrir um grande fosso entre os sardos e austríacos ao norte da península itálica.

Assim, se desenvolveram [além das já citadas aqui no blog] três importantes batalhas, ambas com importante participação de Napoleão e que definiram a derrota do Reino da Sardenha.


Batalha de Millesimo (13-14 de Abril de 1796)

Foi o nome dado por Napoleão a uma série de pequenos combates ocorridos na atual região de Lugira; aonde as tropas sardas-austríacos, composta por 988 homens, teve 96 mortos/feridos e o restante capturados. Mesmo com 9.000 homens, as tropas franceses também tiveram 700 mortos/feridos.

Primeira e Segunda Batalha de Dego (14-15 de Abril de 1796)

Tais batalhas (que, para alguns historiadores, pode ser resumida em apenas uma) se desenvolveram na cidade de mesmo nome e tinha como objetivo (para os franceses) tomar o único ponto de possível ligação entre os dois blocos de exércitos coalizados. No início do dia 14, André Masséna iniciou o ataque contra as defesos austríacas da cidade; nesse dia se perderam 1.500 franceses, enquanto, as tropas austro-sardas tiveram 3000 casualidades.

De Millesimo, onde já finalizava a batalha, Napoleão ordenou que Masséna segurasse a posição. Entretanto, por problemas de comunicação a maioria dos soldados franceses levou-se ao saque das casas no território já ocupado. O segundo dia de batalha seria menos sangrentos, tendo 938 mortes francesas e 1700 mortes austro-sardas.

Batalha de Ceva (16 de Abril de 1796)

Diferentemente das batalha anteriores; na Batalha de Ceva observa-se a ausência de tropas austríacas. Aqui, quem confronta as tropas de Napoleão e Pierre Augereau são 6000 homens sob comando da Casa Savóia da Sardenha. Desses 6000, 150 pereceram; enquanto, entre os 7900 franceses, tiveram-se 400 casualidades. 

Mesmo com 4 perdas para cada 1 sarda; os franceses vencem a batalha e iniciam sua marcha para Mondovi, aonde se uniram as forças retardatárias.

Batalha de Mondovi (21 de Abril de 1796) 

A Batalha de Mondovi é a última tentativa de um contra-ataque sardo. 13.000 soldados sardos, utilizando-se da geografia tendente pra defesa, tentavam resistir contra os 17.500 homens de Napoleão. Entretanto, com o rápido desenrolar da batalha, os franceses se organizam em ágeis movimentos e conseguem penetrar nas defesas inimigas.

O resultado foi a vitória francesa que perdeu 600 homens para 1.600 dos inimigos. Sem condições de continuar em guerra, o governo sardo assinou, no dia 28 de Abril, o Armistício de Cherasco, na cidade de mesmo nome. Armísticio esse no qual o Rei Victor-Amadeu III garantia o cessar-fogo através do Rio Stura, a passagem de tropas francesas pelo Rio Pó, em Valenza e também cedia as regiões de Ceva, Cuneo e Tortona a França.


Quadro: "Vista da Batalha de Mondovi" por Giuseppe Pietro Bagetti













Total desenvolvimento dos avanços e retiradas durante a Campanha Montenotte. Note como, após a Batalha de Montenotte, as forças austríacas e sardas não conseguiram mais unirem-se em um só corpo de exércitos.